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Foto do escritorCristiane Fensterseifer

Banco ABC (ABCB4): Bom, bonito e (barato?)

A microcap do setor financeiro divulgou números muito positivos, ainda que tenham sido afetados pelo rombo das Americanas. Neste relatório vamos verificar se vale a pena o investimento!


O ano passado foi um ano excelente para o ABC, com lucro líquido subindo 40% ao ano, para R$ 800 milhões e um Retorno sobre Patrimônio Anualizado (ROAE) de 16%.


Mesmo com a redução de lucro pela provisão para as dívidas da Americanas, o retorno sobre o capital (ROE) foi acima da Selic, de 15,3% no quarto trimestre de 2022.


Sem a provisão para perdas pelo provável não pagamento de algumas dívidas das Americanas o ROE seria próximo a 17%, como no trimestre anterior.


E se desconsiderássemos a questão das Americanas, o lucro do ABC beiraria os R$870 milhões.


Um 4T22 recorrente forte


O ABC registrou um lucro líquido de R$197 milhões no 4T22, o qual representou uma alta de 21% frente ao ano anterior e queda de 10% frente ao trimestre anterior.


Carteira de crédito cresceu 15%


A carteira de crédito expandida era 15% maior em dezembro de 2022 frente a dezembro de 2021, com destaque para o crescimento de 40% no período de 12 meses do segmento Middle, que são os clientes menores, com faturamento anual entre R$30 milhões e R$300 milhões.

A carteira do segmento de Corporate (clientes com faturamento anual entre R$300 milhões e R$4 bilhões) cresceu 20% e a carteira de C&IB (Clientes com faturamento anual acima de R$4 bilhões) foi a que menos cresceu com alta de 1,5%.


Está nos planos da empresa a expansão maior nos clientes de tamanho menor, que tem em geral mais risco de crédito, mas pagam maiores juros e levam a um maior retorno do banco.


Por outro lado, a diversificação em mais clientes menores mitiga parte deste risco, haja vista o episódio das Americanas um grande cliente que gerou um provável grande calote.

Fonte: ABC


Margem financeira maior


A margem financeira gerencial (NIM) cresceu 3,6%, para de 4,8%, expansão de 70 pontos base em relação ao mesmo trimestre do ano passado.


Tanto a margem com o mercado quanto o patrimônio líquido que é remunerado pelo CDI (o qual segue a Selic) cresceram e contribuíram para este resultado robusto.


Fonte: ABC


A margem com clientes cresceu 27% em relação ao 4T21, mesmo com um crescimento mais tímido da carteira de crédito, devido a diversificação do mix de produtos e segmento de clientes com maior participação de empresas menores que pagam mais juros.


Não apenas as receitas com margem com clientes e Selic impulsionaram os resultados


Outro fator positivo a se destacar no resultado do ABC é o melhor mix de produtos e despesas operacionais mais baixas, mostrando que o banco continua fazendo seu bom trabalho em termos de eficiência.


40% de crescimento do lucro em 2022


No ano, o lucro líquido atingiu R$ 800 milhões, um crescimento de 40% em relação a 2021.


Além da maior margem com clientes e remuneração do Patrimônio Líquido, a receita de serviços aumentou 18% no ano com receita recorde do banco de investimentos, de R$ 145 milhões.


No 4T22 os ganhos com taxas foram mais fracos que no ano, uma vez que o mercado de capitais está menos potente que a um ano atras, quando muitos IPOs estavam sendo realizados.


Além disso, as receitas com tarifas e corretagem de seguros cresceram 67% com incremento da base de clientes, que aumentou 29% frente ao 4T21, possibilitando uma maior diversificação com o crescimento da contribuição da corretora de seguros.

Fonte: ABC


Provisões e efeito Americanas (AMER3)


As provisões foram de R$115 milhões, mais que o dobro do 3T22 devido as provisões realizadas para sua exposição à Americanas.


Estimo que o banco provisionou de 30% a 40% de sua exposição nas Americanas, e por isso podemos continuar vendo provisões maiores por conta disso nos próximos trimestres.


Fonte: ABC


Se desconsiderarmos este efeito grande e não recorrente do rombo das Americanas, que já vem sendo chamado por alguns de a maior fraude da história das empresas abertas brasileiras e, portanto, pode ser considerado um impacto não recorrente, teríamos um resultado ainda melhor, com um ROE próximo a 17%.


As provisões para perdas com empréstimos foram a notícia negativa deste resultado, não apenas para o ABC, mas para todo o setor bancário. Ainda assim como vimos, mesmo com isso o resultado foi de lucro crescente e retorno (ROE) superior ao da nossa alta taxa Selic.


Para fins de comparação, o banco mais afetado pela dívida das Americanas, que já divulgou até o momento, foi o Santander com ROE de apenas 8%, enquanto o do ABC foi de 15%.


O Itau (ITUB4), talvez o banco privado mais eficiente, entregou ROE de 19% no excelente resultado que divulgou no 4T22, o qual seria de 21% sem as provisões que fez por conta das Americanas.

- O resultado do Itau foi muito forte e com seu P/L de 7 vezes estou estudando coloca-lo na carteira -


Ainda assim, o P/L do Itau de 7 vezes é maior que os 4 vezes do ABC


Avaliando o risco:


O saldo de PDD (provisão para devedores duvidosos) amentou de 2,3% no 3T22 para 2,7% no 4T22, como pode ser visto no gráfico.


Com isso o índice de cobertura, ou seja, o salto total provisionado sobre as operações com atraso de mais de 90 dias é de 543% um bom nível de cobertura .

Fonte: ABC


Portfólio diversificado


Importante observar que o ABC tem uma grande diversificação do crédito entre setores o que mitiga o risco de uma crise setorial afetar o recebimento dos clientes.


Fonte: ABC


Projeções e avaliação revisitada


A Estratégia de crescimento do ABC é de expandir o número de clientes e o volume de transações, principalmente oferecendo serviços aos fornecedores, colaboradores e clientes dos seus clientes, ampliando a sinergia entre as operações.


O crescimento do número de produtos busca reduzir a dependência de linhas especificas de negócios e com isso minimizar a exposição ao risco além de alavancar a infraestrutura existente, diluindo o custo de aquisição e manutenção de clientes.


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