BANCO DO BRASIL (BBAS3): COM RESULTADO FORTE, SEGUE "DESCONTADO" | VALE A PENA INVESTIR?
O Banco do Brasil teve um lucro líquido ajustado 5% maior que no 3T22 e 14% maior que nos 9M22.
Com tal lucro, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) atingiu 21,3% no 3T23 e no 9M23.
Este ROE é um dos maiores dentre os bancos brasileiros, muito semelhante com o que apesentaram no 3T23 o Itau (ITUB4) e o Nubank (NU, NUBR33) ambos também em 21%.
O lucro desconsiderando o caso das lojas Americanas, que foi algo bastante grande e pontual, teria sido de mais de R$9 bilhões, ainda mais forte.
Mesmo com um lucro crescente e um ROE comparável ao Itau e Nu, o Banco do Brasil segue, como historicamente, negociando com um desconto de múltiplo P/L (preço/lucro).
Enquanto o BB tem um P/L de 4x menos da metade do Itaú em 9,3 vezes, Bradesco de 10,7 vezes e Santander em 13,8x
Este desconto é histórico, como pode ser visto no gráfico acima, pois o BBAS3 tem controle estatal, e o mercado teme uma possível interferência do governo que não seja totalmente alinhada ao que seria esperado pelos acionistas minoritários, em geral, a maior rentabilidade possível.
Recentemente, por exemplo, tivemos a fala abaixo do presidente, que ilustra muito bem este medo do mercado e justifica o desconto histórico em P/L sobre os demais bancos:
Apesar disso, pelo menos até agora, vemos que a rentabilidade do BB não foi afetada por ingerências políticas, e o banco segue com resultados crescentes e tão rentável quanto os concorrentes privados, independentemente do seu controle.
Quando olhamos os proventos, estes também tem sido superiores aos pares privados, com um retorno em dividendos nos últimos 12 meses do BBAS3 de 8,3% , ande uma média de 5% dos demais.
Algumas características do BB são positivas frente aos privados, como por exemplo sua grande exposição ao agronegócio, que é um setor muito forte no brasil, e também aos funcionários públicos, ambos com uma boa qualidade e crédito e baixa inadimplência comparados a outros segmentos.
Dito isso, o controle governamental é, na minha opinião, o principal risco do negócio e deve sempre ser monitorado de perto por seus acionistas, tal como qualquer controlador, por sinal.
Vamos olhar mais de perto o resultado do 3T23
A carteira de crédito do Banco do Brasil (BBAS3) cresceu 10% frente ao ano anterior com destaque para a alta de 19% para o custeio e investimento no agronegócio e de 14% para pequenas e médias empresas (PMPE).
40% da carteira do agronegócio é o que chamam em agricultura sustentável e esta na agenda da empresa crescer mais em negócios sustentáveis.
A carteira com o governo tem quase que toda garantia do tesouro, o que reduz o risco de crédito e muitos desembolsos já contratados ocorrerão nos próximos trimestres.
O crédito para grandes empresas cresceu apenas 0,6% refletindo a estratégia de maior rentabilidade em outros segmentos.
A empresa teve um crescimento de 66% na provisão de devedores duvidosos, com aumento pelo atraso da publicação de balanço e recuperação judicial das Americanas.
Os outros bancos já haviam provisionado 100% e o Banco do Brasil tinha provisionado apenas 50% das possíveis percas com a Americanas em 2022 e completou a provisão neste ano, agora sim cobrindo totalmente o risco de perda com Americanas.
Quando olhamos a taxa de inadimplência, está em 2,8 vezes e seria estável em 2,6 vezes não fosse o rombo pelas provisões de perdas pelas Americanas.
O índice da inadimplência do BB é menor que o do mercado de bancos no Brasil, de 3,5 vezes, ajudado pela baixa inadimplência do segmento agro.
Vemos uma melhora boa no indicador de inadimplência para pessoas físicas, o que é bastante positivo dado que este publico tem as maiores taxas de inadimplência.
O BB também tem um índice de cobertura para perdas com inadimplência de 199%, maior que os 183% médios do sistema financeiro nacional.
A carteira de crédito maior e o maior spread cobrado dez a margem financeira do BB subir 21% frente ao 3T22, um excelente resultado.
A receita de prestação de serviços aumentou 1,7% frente ao 3T23.
O melhor índice de eficiência da série histórica
As despesas administrativas do BB subiram 9% frente ao 3T22 com mais gastos em tecnologia e capacidade de processamento de dados.
Em linhas gerais a empresa está caminhando para atingir as expectativas de crescimento projetado, mais para próximo do topo do esperado que é um lucro líquido entre R$33 e 37 bilhões (nos 9M23 o BB já lucrou R$26 bi), sendo que a margem financeira está maior e as provisões para inadimplência menores que o esperado.
Valuation: Vale a pena investir nas ações do BBAS3?
BANCO DO BRASIL (BBAS3): COM RESULTADO FORTE, SEGUE "DESCONTADO" PARES, MAS VALE A PENA INVESTIR?
Quando atualizo meu valuation para os resultados divulgados, tenho um preço justo estimado de R$ 67 e um upside esperado em 12 meses de 34% para as ações do BBAS3, mais um provento estimado de 9%
Estou sendo conservadora no ROE estimado, caindo para 17% frente aos atuais 21% e usando um custo de capital bastante alto para considerar seu controle público.
Assim, concluo que vale a pena investir no BB e mantenho ele na carteira.
Cristiane Fensterseifer – CNPI, CGA e consultora CVM
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16/11/2023
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