DESTAQUES hj: ODONTOPREV (ODPV3) INJUSTIÇADA, BANCO DO BRASIL (BBAS3) E METAL LEVE (LEVE3)DANDO SHOW
Na minha humilde opinião o mercado as vezes opera de uma forma que não faz sentido algum.
E isso é uma boa notícia, pois se não fosse assim, não encontraríamos distorções que nos permitem ganhar mais dinheiro, não é mesmo?
Hoje tivemos um caso destes na minha opinião.
Uma empresa com desempenho histórico excelente, que reportou mais um excelente resultado e viu suas ações caírem 8% hoje.
Estou falando de Odontoprev (ODPV3)
A Odontoprev divulgou um bom resultado com lucro acima do esperado no 2T23.
A receita líquida da Odontoprev subiu 9,7% a/a e o ticket médio aumentou mais que a inflação, em 3,8% a/a.
O índice de sinistralidade de 41,3% aumentou +7 p.p frente ao 1T23 MAS CAIU 0,8 p.p. frente ao ano passado e veio abaixo da média histórica do trimestre de 45,2%.
O Ebitda ajustado subiu 2,8%, para R$ 147 milhões e a margem Ebitda ajustada caiu 1,9 ponto percentual (p.p.), para 27,9%.
O lucro líquido de R$ 117 milhões no 2T23 foi 17,7% maior na comparação com igual, ampliado em R$18 milhões por não recorrentes.
Banco do Brasil (BBAS3) melhor resultado e projeções:
Excelente resultado do BB, acima das expectativas.
Banco do Brasil (BBAS3) tem lucro líquido recorrente de R$ 8,8 bi no 2T23, alta de 11,7% frente ao 2T22, e levemente maior que o esperado.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) encerrou o 2T23 em 21,3%, alta de 0,3 ponto-percentual em relação aos 1T22 e maior também que o ROE do 2T22, de 20,8%.
O lucro cresceu apesar do aumento das provisões de +143% frente ao 2T22 e +23% do que no 1T23 (foram R$ 7 bilhões no 2T).
O aumento ocorreu em linhas de créditos não consignados na carteira pessoa física e pelo aumento de risco na carteira pessoa jurídica com a elevação de risco de crédito da Americanas (AMER3).
Carteira de crédito total soma R$ 1,045 tri , alta de 13,6% s/ 2T22
A receita aumentou 6% e foi a maior alta dentre os concorrentes com melhores spreads e e boa eficiência em custos e despesas.
Proventos DO BBAS3!
O BB divulgou proventos de R$ 0,71/ação o que perfaz 1,5% de retorno em proventos sobre este resultado.
A data do pagamento será em 30/08/2023 com base na posição acionária de 21/08/2023.
O CFO informou que o BB não deve antecipar dividendos ou elevar payout de 40% antes de 2025, mesmo com existência de lucros acumulados pois vê o retorno do investimento pelo ROE de 20% como favorável os acionistas.
Para o ano, o banco pode pagar 11% de proventos, segundo a estimativa do mercado.
O Banco do Brasil (BBAS3) ainda aproveitou a divulgação e AUMENTOU suas projeções para 2023:
- O crescimento da carteira de crédito aumentou de 8 a 12% para de 9% a 13%, ajudado pelo setor do agronegócio
- A previsão de margem financeira bruta passa de 17% a 21% para de 22% a 26%
- O BB MANTEVE sua projeção de lucro líquido já divulgada, de R$ 33 bi a R$ 37 bi em 2023 , o que é um P/L de míseros 3,8 vezes para o ano...
Sim , posso falar míseros pois isso se compara ao múltiplo de 9 vezes de Itau (ITUB4), Santander (SANB11) e de 11 vezes para Bradesco (BBDC4)
Para completar o banco lançou plataforma com AI (inteligência artificial) que usa Open Finance e permite ao cliente ver em um único lugar todos seus investimentos registrados na B3.
Nos principais riscos da tese temos um eventual fim do JSP (juro sobre o capital próprio) com a reforma tributária e o fato do controle governamental que pode levar ao banco expandir o crédito com maior risco em comparação com os bancos privados, por exemplo (seleção adversa).
O BBAS3 negocia a 0,8 vezes seu patrimônio liquido (PVPA) com um desconto neste múltiplo sobre os pares.
Metal Leve (LEVE3) 2023: excelente resultado, medo dos EVs
A LEVE apresentou um excelente resultado no 2T23, o que impulsionou as ações , que subiram 8,% hoje.
A receita líquida subiu 10% na comparação com o 2T22.
No segmento de montadoras (equipamento original) a valorização do real pesou no receita da empresa no mercado doméstico.
Já no segmento de reposição (aftermarket) o crescimento foi expressivo impulsionado pelo crescimento significativo de volume e preço que mais que compensou o efeito do câmbio
O lucro bruto aumentou 31% frente ao 2T22 com crescimento de 4,9 p.p na margem bruta, para 30,3% no 2T23.
O Ebitda aumentou 40% e margem Ebitda foi de 22,7% no 2T23, 4,9 p.p maior que no 2T22.
O lucro líquido atingiu R$ 193 milhões no 2T23, 68% maior que no 2T22 auxiliado pela receita financeira liquida de R$ 29 milhões, com margem líquida 17,2%, 5,9 p.p. maior que no 2T22.
Apesar dos resultados fortes, receio com o futuro
A Metal Leve atua na fabricação e comercialização de componentes de motores à combustão interna e filtros automotivos para as montadoras, distribuidores de autopeças e retíficas de motores.
Há uma tendencia na desaceleração deste tipo de motor com o crescimento dos veículos elétricos (EVs)
Para lidar com isso a empresa está desenvolvendo um motor de combustão sustentável para biocombustíveis, combustíveis sintéticos e hidrogênio.
A LEVE tem produtos adaptados para a evolução do MCI (motor à combustão interna) ligado aos biocombustíveis
Vale a pena investir na metal leve (LEVE3)?
A empresa talvez tenha um bom fit para uma carteira de dividendos, mas sempre tendo em vista o risco acima.
Em 2023, até o presente momento, foram pagos R$ 559 milhões em proventos, o que já representa 8,7% de retorno sobre o preço da ação.
A LEVE3 está com múltiplos baixos com P/L estimado de cerca de 8 vezes e EV/Ebitda de 6 vezes com retorno sobre o capital ROIC alto, de 36,3%.
Tais múltiplos descontados em parte representam o ceticismo do mercado com o setor de atuação dela, de veículos a combustão.
Dessa forma, acredito que a empresa poderá pagar proventos parrudos, perto de 10% ao ano, ainda dado que seu endividamento é baixo e geração de caixa alta.
Acredito, porém, que dificilmente o mercado realizará uma grande reprecificação de múltiplos, por conta do crescimento de veículos elétricos.
Falando em upside a média dos analistas do Investing projeta upside de 13% para a ação.
Uma fonte de upside para o case seria algum pacote do governo para incentivar a renovação da frota de caminhões do país já que cerca de 1/3 dos caminhões têm mais de 30 anos.
Boas notícias no mercado hoje!
S&P500 e Ibovespa praticamente estáveis hoje e dólar em baixa de 0,47%, a R$ 4,88
As boas notícias:
1) Inflação nos EUA desacelerando sinaliza que FED deve interromper o ciclo de aumento de juros. O CPI de julho veio em +0,2% frente a junho e +3,2% frente a julho de 2022 - abaixo do esperado pelo mercado
2) China levantou a proibição de viagens em grupo para EUA, Reino Unido, Austrália, Coreia do Sul e Japão e outros países.
3) volume de serviços no Brasil subiu +0,2% em junho frente a maio, após ter avançado +1,4% em maio e está 12% acima do nível pré-pandemia
Maiores altas e quedas de hoje
Os fundos da Tarpon Capital atingiram 10,33% das ações ordinárias da Tegma (TGMA3) que subiu 2%
Nas maiores altas Azul (AZUL4)e Gol (GOLL4) com 10% e 6% respectivamente, com crescimento de 80% no Ebitda e redução de prejuízo da Azul frente ao 2T22.
O lucro operacional da Azul foi de R$ 592 milhões no 2T23, ante R$ 136 milhões no 2T22, com a queda dos preços do querosene de aviação.
A alavancagem financeira caiu para 4,2 vezes dívida líquida/Ebitda – patamar ainda alto, bom lembrar.
Braskem (BRKM5) subiu 6% hoje após o fraco resultado ontem, em função da possibilidade de venda do seu controle.
Renner (LREN3) subiu 2% com rumores de taxação de importados, melhorando a concorrência com Shein e Shopee.
Nas maiores quedas SOMA3 derreteu 8%, com queda de 22% no lucro líquido ajustado do 2T23, para R$102 milhões, pressionado pela despesa financeira e Hering, puxando margens para baixo.
3R seguiu a queda do petróleo hoje, que caiu 1,31% a US$ 86 por barril (Brent)
Abraços
Cristiane Fensterseifer, CNPI, CGA e consultora CVM
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