ENCHENTE, BOMBAS E RESULTADOS | COMPRAR OU VENDER ? ITAÚ (ITUB4), COELCE (COCE5), VIVO (VIVT3), GPA (PCAR3), AURA (AURA33), BB SEGURIDADE (BBSE3),RENNER (LREN3) E +
A última semana foi de fortes emoções - algumas bem ruins como a calamidade no meu querido estado Rio Grande do Sul e cidade de Porto Alegre.
*Se você quiser unir esforços comigo e ajudar junto na reconstrução do RS, me procure nas redes sociais ou por e-mail no final do relatório*
As boas notícias vieram dos resultados das empresas , até agora, todos muito bons na área de cobertura !
Nesses momentos, trabalhar é indispensável, só assim é possível construir e (RE)construir, ajudar e servir, então vamos lá, em frente com mais força ainda!
Por isso, o relatório de hoje é dedicado a comentar minha opinião e medir impactos de :
1 ) Diversos resultados de empresas acompanhadas,
2) Catástrofe no Rio Grande do Sul e impactos na economia e empresas
3) Notícias bomba como a saída da Adnoc da compra da Braskem e ampliação de 3R em Papa-Terra.
Eu sei que é muita coisa e seu tempo e o meu são limitados. Por isso, tentei ser o mais objetiva e sucinta possível nestes tópicos.
Caso tenha ficado com alguma dúvida , envie aqui que será prontamente respondido: https://www.investe10.com.br/forum/perguntas-e-respostas
Vou colocar um índice, e você pode ir direto ao ponto desejado se quiser:
1) ITAÚ (ITUB4): CHATO SÓ PRA QUEM NÃO TEM NA CARTEIRA
A manchete sobre o resultado do Itau foi essa:
O ‘chato’ é uma tradução propositalmente mal feita pro termo ‘boring’ usado pelos analistas gringos pra dizer: O resultado do Itau foi tão bom, com nenhum problema ou emoção, com números tão consistentes e de alta qualidade que chegou a ser sem graça.
Me permito discordar. Eu só acho que é sem graça receber o melhor resultado do setor para quem não está com a ação na carteira.
O lucro recorrente do Itaú cresceu 16% frente ao 1T23 para R$9,8 bilhões, com Retorno dobre o Patrimônio Líquido de incríveis 21,9% - praticamente o dobro do retorno da Selic.
A margem com cientes cresceu 7% mesmo com a Argentina jogando contra.
A carteira de crédito aumentou apenas 3%, limitando a concessão crédito mais arriscado, mas o banco disse que deve atingir a meta de aumento de pelo menos 6,5% em 2024, o que significa que deve crescer mais nos próximos trimestres.
O índice de inadimplência de 2,7% veio extremamente controlado, no menor patamar de 2 anos.
O índice de capital, que mostra a solidez do banco, está em 14,5%, bem acima da meta de 11,5%, e deixa espaço de sobra pra crescer com segurança, aumentar ROE e/ou PAGAR DIVIDENDOS EXTRAS!
Receitas de serviços e seguros aumentaram 6% ante 1T23 reduzindo muito o medo que causaram as fintechs com sua isenção de tarifas. Só as receitas com conta corrente caindo 6% parecem sentir a concorrência agora e com as fintechs começando a monetizar a base, a vantagem delas parece diminuir .
Mesmo com a melhor rentabilidade do setor Itau negocia abaixo dos pares em P/L de 7x o lucro esperado para 2024 com proventos esperados de 8% considerando 50% de payout (percentual do lucro distribuído em proventos).
2) BAITA RESULTADO DA CoELCE (COCE5) : E PARECE QUE NINGUÉM ESTÁ OLHANDO PARA ELA.
A receita de Fornecimento de Energia Elétrica 11% maior no 1T24 frente ao 1T23.
O Ebitda 21% maior e a margem Ebitda subiu de 19,3% no 1T23 para 27%, com queda de custos e despesas por projetos de eficiência.
Destaco que a redução de gastos é sem dúvida o fator mais relevante quando olhamos este tipo de companhia regulada como distribuidora de energia, caso da Coelce, dado que volume de energia não varia tanto e tarifas são determinadas pela Aneel!
No fim lucro líquido 60% maior como consequência do ótimo resultado operacional!
A Italiana Enel, controladora da empresa disse que deve avaliar venda da Coelce, mas sem "fazer loucuras", indicando que não vai aceitar vender por qualquer preço.
A COCE5 negocia a (Preço/Valor Patrimonial) PVP de 0,7x , abaixo de outras empresas distribuidoras de energia privadas na bolsa como CPFE3 em 2x , EQTL em 1,4x , ENGI11 a 1,2x sugerindo espaço para uma venda a um preço mais alinhado com as pares, ou seja, maior que o negociado atualmente.
3)VIVO (VIVT3): Resultado ainda melhor que o já positivo da concorrente TIM (TIMS3)
O resultado da Telefonica (VIVT3) segue um reloginho, com expansão em Fibra de +12 % (FTTH = Fiber to the Home" ou "fibra para a casa”, que é a ligação de internet banda larga por cabos de fibra ótica) mesmo que ainda impactado pela receita do "legado".
A receita aumentou 6,5% no 1T24 ante o 1T23, mais que o esperado e acima da inflação, tanto pela maior quantidade de clientes como pelos preços maiores.
Ebitda somou R$ 5,3 bilhões, avanço de 6,8% em relação ao mesmo período de 2023 com margem estável nos altos 39% no 1T24.
A margem segue alta, tanto por preços como por maior eficiência levou a um lucro líquido de R$ 896 milhões no 1T24 sendo 7% maior na comparação anual!
As despesas financeiras tambem vieram maiores que esperado e impactaram o lucro, mas a dívida líquida caiu para R$ 11,5 bilhões, bem menor que os R$ 13,1 bilhões registrados no 1T23, e ela continua figurando como recomendação em várias carteiras de dividendos.
O imposto de renda e contribuição social aumentou 78% para R$ 328 milhões no 1T24 e o lucro ficou abaixo do esperado – talvez por isso a ação caiu após a divulgação.
O fluxo de caixa livre caiu 24% para R$2,4 bi, impactado por R$ 492m de créditos tributários compensados no 1T23 e pelo maior investimento 11% maior feito no 1T24 o que pretende melhorar a qualidade de serviço e resultado futuro.
4) Pão de Açúcar (PCAR3): Maior margem em 9 trimestres
O GPA teve receita de R$5 bilhões, com crescimento em todas as bandeiras, com destaque para a alta de 10% na marca Pão de Açúcar.
O e-commerce cresceu 25% e as vendas em lojas existentes há mais de 12 meses, chamado de Same Store Sales (SSS) cresceram 8,1%, acima da inflação, indicando ganho REAL de vendas.
O melhor do resultado, sem dúvida, foi a Margem EBITDA Ajustada de 8,1%, a maior margem em 9 trimestres!
O lucro líquido foi impactado por despesas não recorrentes tais como:
1) fechamento de lojas de R$150 milhões,
2) quitação de débitos de ICMS de R$86 milhões e
3) impairment de R$25 milhões após a venda da sede administrativa anunciada no início do mês..
4 ) provisão de adesão ao programa de quitação de débitos do ICMS no qual reduziu 80% de sua dívida de R$ 3,6 bilhões com SP
Ajustando para não recorrentes, o prejuízo do GPA teria sido de R$ 197 milhões – ainda assim, acima do consenso Bloomberg.
A dívida líquida caiu R$ 1,4 bilhão, um alívio que mostra que a desalavancagem financeira vai a todo vapor, algo que é um dos principais fatores da tese de investimentos nesta empresa, outrora muito alavancada.
A alavancagem caiu de 7x para 3x Ebitda e deve cair mais com a venda da sede por R$ 218 milhões e de até 66 postos de combustíveis com potencial entrada de caixa de R$ 450 milhões. além disso sem os postos a margem bruta melhoraria dos atuais 26% para 27%
GPA negocia a EV/EBITDA estimado para 2024 de 4, menor que o múltiplo de 6x do setor 24E
5) EXCELENTE RESULTADO DA AURA (AURA33)
No 1T24, a receita líquida foi de US$ 132 milhões 36% maior frente ao 1T23 e 6% maior que no trimestre anterior (4T23)
O Ebitda ajustado da Aura somou US$ 53 milhões no 1T24, 45% maior que no 1T23 e 10% maior que o esperado pelo mercado.
O resultado operacional foi beneficiado aumento no preço do ouro e cobre, ambos próximos das máximas históricas.
O preço do ouro saiu de cerca de US$ 1.900/onça um ano atrás para US$ 2.070 no 1T24 e US$2300 mais recentemente.
O cobre , muito usado para a transição energética em curso, pulou de US$3,8 no 1T24 para cerca de US$4,4 atualmente.
A empresa também teve volumes 28% maiores que no 1T23 e custos menores - custo caixa/onça de US$ 1.311 no quarto tri para US$ 1.287 no 1T24 com ganhos de eficiência na mina de Honduras.
No 1T24, a Aura teve prejuízo de US$ 9 milhões, comparado ao prejuízo de US$ 6 milhões no 4T23 e lucro de US$ 19no 1T23 – MAS MUITA CALMA NESSA HORA.
O prejuízo é NÃO CAIXA, não monetário, apenas contábil neste tri, e ocorreu pelo aumento do preço do ouro no 1T24 e dos derivativos (hedge) referentes aos projetos Borborema e de Almas. Estas operações servem como PROTEÇÃO destes projetos para caso de queda no ouro , e são comuns e mesmo desejáveis.
A empresa negocia a cerca de 4 vezes geração de caixa do 1T24 e deve aumentar a produção em quase 90% até o fim de 25 com o início da operação de Borborema (+85 mil onças/ano de produção) , crescimento em Almas (+50mil onças/ano de produção) e Matupá (+50 mil onças/ano) que deve começar a produção no fim de 2025. Todos os projetos com rentabilidade alta e maior com a alta do ouro recente.
Considerando reservas de ouro próxima a rodovia em licenciamento as reservas de Borborema e (talvez seu VPL) dobrariam
A Aura distribui 20% do Ebtida em proventos e com isso o retorno está em 5% em proventos.
6) BB Seguridade (BBSE3): Ótimo resultado operacional mais que compensou queda da Selic: PROVENTOS ESTIMADOS DE 10% EM 2024
A seguradora melhorou indicadores como a sinistralidade de seguros e o resultado operacional não decorrente de juros aumentou 11% no período, acima do guidance divulgado.
O lado positivo é a evolução dos prêmios: Os prêmios emitidos pela Brasilseg aumentaram 15% impulsionados por todas as linhas de seguros, com alta de 35% no seguro prestamista, de 54% no penhor rural e de 28% na vida produtor rural.
No 1T24, as contribuições para planos de previdência cresceram 14% ante 1T23 e as reservas da Brasilprev atingiram o maior volume trimestral da série histórica.
A captação líquida foi de R$5,6 bilhões, o triplo do 1T23, com as reservas de planos PGBL e VGBL expandindo 15%.
O índice de resgates atingiu menor patamar trimestral desde o 4T20 em 8,6% e a portabilidade caiu 0,5 p.p.
O BBSE3 registrou crescimento das receitas de corretagem e capitalização.
O lucro líquido de R$1,84 bi no 1T24, subiu 5% a/a, ante o 1T23 dado que o crescimento operacional mais do que compensou o menor ganho financeiro, que caiu 35% a/a para R$221 mi pela:
1) queda da Selic causando marcação a mercado negativa de renda fixa
2) desaceleração da inflação medida pelo IPCA/IGPM e descasamento temporal destes índices de inflação que corrigem alguns planos de previdência.
BBSE3 negocia a 8x P/L com retorno em dividendos de 9% nos últimos 12 meses
Além dos resultados, fatos RELEVANTES em outras empresas:
7) IMPACTOS DA CATASTROFE NO RIO GRANDE DO SUL PARA RENNER (LREN3) E OUTRAS EMPRESAS:
Catástrofe climática no Rio Grande do Sul deve ter impacto limitado na Renner (LREN3): cerca de 4% do total de unidades estão temporariamente fechadas no estado e a empresa NÃO TEM centros de distribuição no estado, DIMINUINDO O EVENTUAL PREJUÍZO E PERDAS DE MERCADORIAS.
A empresa disse que o impacto de fornecimento de produtos vindos da rede de parceiros é “imaterial”.
Quais empresas mais impactadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul?
Segundo levantamento realizado pelo Bradesco, as empresas abaixo são as que tem maior parte do Ebitda no estado:
8 ) Braskem: Principal aposta para compra da fatia da Novonor pulou fora do negócio. Hora de pular fora junto?
Esta semana uma bomba em forma de notícia fez as ações da Braskem (BRKM5) caírem 14% em um dia: A companhia Abu Dhabi Adnoc disse que não tem interesse em manter negociações para compra de fatia da Novonor.
A Novonor disse seguir plenamente engajada na venda de sua participação as ações subiam 1,78% no dia seguinte a notícia, na terça.
Um dos cenários levantados com a desistência da Adnoc seria a Petrobras comprar a fatia da Novonor na BRKM, o que não seria um cenário muito positivo na visão do mercado, pois tornaria a empresa uma estatal
No entanto, a Petrobras informou que, ‘até o momento, não houve qualquer decisão da diretoria executiva’ em relação à Braskem.
Por fim, a Braskem concluiu o processo de parada programada das suas plantas situadas no Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul após fortes chuvas e retomará as operações gradualmente pelas condições climáticas.
Triunfo responde por 30% da sua capacidade de produção de eteno no Brasil
Eu esperaria a “agua” baixar para tomar qualquer decisão de compra ou venda na Braskem
9) BOA NOTÍCIA, PODE SER QUE A 3R (RRRP3) AUMENTE SUA PARTICIPAÇÃO EM PAPA TERRA !!!!
A 3R (RRRP3) pediu a cessão da fatia de sua sócia em Papa Terra !
Em função do “inadimplemento das obrigações financeiras” da Nova Técnica Energy estabelecidas no âmbito do consórcio do Campo de Papa Terra , a 3R iniciou medidas na Superintendência de Promoção de Licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis para que seja realizada a cessão compulsória da participação de 37,5% detida pela Nova Técnica Energy no ativo.
Caso a 3R tenha sucesso, acredito ser muito positivo para a empresa aumentar a participação neste ativo de qualidade e alta rentabilidade.
Att,
Cristiane Fensterseifer
08/05/2024
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Abraços
Cristiane Fensterseifer – CNPI, CGA e consultora CVM
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