Nova indicação de investimentos: Vamos comprar um país!
Uma das principais lições para ganhar dinheiro não poderia ser mais óbvia:
Comprar barato. (para depois vender pelo valor justo, de preferência)
Mas o que seria isso exatamente?
Seria comprar um ativo por um preço menor que o seu valor, provavelmente responderia Warren Buffet.
É dele e de seu sócio, por exemplo, que vem a teoria das bitucas de charuto, que consistia em comprar empresa por preços muito depreciados, que ninguém mais queria.
A recomendação de hoje, portanto, é de um ativo que está “fora de moda”.
Por estar fora de moda, naturalmente, seu preço não está nas alturas, como ocorre com aqueles investimentos que todo mundo quer.
Muito pelo contrário, este investimento, fora de moda, está chamando a atenção por estar barato comparado aos pares mundiais.
Aliás, poderíamos dizer que a indicação de hoje não é de uma empresa, mas de um país.
Vamos para a China?
Podemos dizer que a China está completamente fora de moda quando o assunto é investimentos.
A segunda maior economia do mundo é o maior parceiro comercial do Brasil e vem sendo o motor do crescimento global nas últimas décadas
No entanto, vem amargurando indicadores financeiros fracos, o que fez seu mercado cair cerca de 60% desde o topo em 2021.
As ações do país estão entre as mais baratas do mundo em relação aos lucros.
O P/L (preço/lucro) histórico da China está em apenas 12x, e o P/L estimado para 2024 é menor que 10x, considerando o crescimento do lucro das empresas.
O preço baratos tem motivo: interferências governamentais no setor privado, instituições e ambiente regulatório mais fracas que os desenvolvidos.
Além disso, como mostra o gráfico abaixo, o PIB e exportações desaceleraram e o desemprego entre os mais jovens aumentou para cerca de 20%.
Mas então porque investir na China ?
Porque todos estes indicadores mais fracos foram justamente os motivadores da queda de 60% na bolsa chinesa.
Assim, podemos dizer que esta desaceleração já é amplamente conhecida e já foi bastante precificada e, por conta disso a China está negociando a múltiplos tão baixos.
Uma olhada nos países emergentes, os BRICs, deixa claro
Quando os investidores globais querem se expor a teses de maior crescimento, procuram por países emergentes. Assim nasceu o termo BRICS para designar Brasil, Rússia, Índia e China.
Quando olhamos os emergentes conhecidos como BRICs China desponta como um dos países mais baratos para atrair investimentos globais em 2024.
Perceba no gráfico abaixo como o indicador da China sofreu frente aos emergentes nos últimos meses.
Quando comparamos a performance do MSCI China, em azul escuro, com o do MSCI ACWI que captura a performance todo o conjunto de oportunidades de ações de grande e médio porte do mundo, na linha azul claro, a fraca performance da China fica ainda mais notável.
Para começo de análise, temos o Brasil , onde grande parte do nosso dinheiro já está alocado nas sugestões da carteira recomendada All in One.
Aliás, o Brasil segue barato, com um P/L de apenas 8x.
Se retirarmos do Ibovespa as ações de Vale e Petro, que tem um peso muito alto e um /L muito baixo, por serem players de comodities, temos um P/L em linha com o atual da China, de 11 vezes.
Depois, vamos dar uma olhada na Rússia, que está envolta com sanções desde a escalada da guerra com a Ucrânia.
A Índia está notavelmente cara em termos de múltiplo P/L – a forte demanda impulsionou a bolsa de Mumbai para um recorde histórico e o índice SENSEX (tipo um Ibovespa indiano) registrou o P/L recorde de 25x em 03/01/2024
E, por fim, temos a China, fora de moda, negociando a um P/L menor que 10 vezes, metade da média global.
Recomendo um ETF da China ! Código: XINA11
O ETF XINA11 entra com 1,5% do patrimônio total do cliente e irá compor nossa parcela de investimentos internacionais , juntamente com os ETFs de renda fixa americanos SHY e TLT.
Antes, vamos relembrar o que são ETFs
Exchange-Traded Fund (ETF) são fundos negociados em bolsa.
Para investir, você compra cotas (ou vende, para desinvestir) como faz com ações. Usando um código de negociação.
No caso da recomendação de hoje tem o código de XINA11.
O ETF traz como vantagens a diversificação com pouco dinheiro: Usando o exemplo do XINA11, você vai se expor a 85% das empresas listadas naquele país, com o valor a partir de R$5.
Como a gestão é PASSIVA, ou seja, segue um índice (por exemplo, índice Ibovespa) a taxa de administração e gestão é baixa. No caso do XINA11 apenas 0,3% ao ano.
O que é o XINA11
O Trend China é um ETF de renda variável que acompanha o índice MSCI China.
O índice MSCI China captura grandes e médios valores de capitalização de mercado nas ações China e inclui mais de 700 empresas, ou cerca de 85% do mercado de capitais do país.
Características para investir no XINA11
O XINA11 existe desde 2020 e é gerido pela XP Vista Asset Management.
A taxa de administração é de 0,3% ao ano.
O ETF tem, no mínimo, 95% do patrimônio alocado em cotas do fundo de índice. Os 5% restantes podem ser constituídos por outros ativos financeiros.
O Público-Alvo do ETF são os investidores em geral e o lote mínimo para negociação é de 1 cota.
As maiores participações no XINA11
Os maiores setores dentro do MSCI China, índice que o XINA11 segue, são consumo e telecomunicações, que juntas tem 50% da composição.
As 4 empresas com maior participação são o Alibaba, a Tencent a PDD Holdings e a Meituan. Vou falar um pouco de cada uma delas.
A Tencent Holdings é a maior e mais usada rede de internet na China.
A empresa é a dona do aplicativo WeChat, uma espécie de O Whatsapp “tunado” que os chineses usam para tudo como: pagamentos, comércio eletrônico, jogos, serviços, entretenimento.
A empresa também oferece serviços como computação em nuvem, publicidade, FinTech e outros serviços empresariais como inteligência artificial e soluções tecnológicas para negócios.
Quem nunca comprou no Ali Express? Ela é uma empresa do Alibaba Group.
Poderíamos chamar de “Amazon da China” atuando além do varejo em meios de pagamentos, tecnologia de nuvem, mídia digital e entretenimento.
A PDD Holdings, ou Pinduoduo é um grupo com uma grande variedade de negócios.
A empresa começou como uma plataforma agrícola e se expandiu para o comércio social com 900 milhões.
Ainda atua na agricultura com vendas diretas entre pequenos agricultores e consumidores.
Uma forma é a plataforma de comércio eletrônico que permite aos usuários participar de transações de compra em grupo.
Com sua Plataforma de informação logística e atendimento, ajuda os vendedores a produzir produtos de acordo com as preferências dos consumidores e reduzir custos.
Já a Meituan é tipo um Ifood (plataforma de delivery) com varejo e descontos.
A chinesa Meituan é uma plataforma de compras chinesa para produtos de consumo e serviços de varejo encontrados localmente, incluindo entretenimento, restaurantes, entregas, viagens e outros serviços.
Meituan opera os famosos descontos em grupo, sujeitos a um número mínimo de compradores e tem maior parte de sua receita vindo de aplicativos de celular, por meio de parcerias com mais de 400.000 empresas chinesas.
Além destas, temos gigantes como a BYD, maior fabricante de carros elétricos do mundo, uma grande posição na carteira do legendário investidor Warren Buffet.
A BYD ultrapassou a Tesla para se tornar a maior empresa de carros elétricos do mundo no último trimestre de 2023 já que vendeu um recorde de 525 mil carros, mais que os 484 mil da americana Tesla.
A meta de que 20% dos carros novos vendidos na China fossem de novas energias foi alcançada em 2022, cerca de três anos antes.
As margens de lucro da indústria chinesa automotiva são baixas, é verdade, em 5% e para compensar a desaceleração do mercado interno, a BYD têm expandindo-se na Europa, Austrália e Sudeste Asiático – aliás já é comum aqui no Brasil também.
O que pode dar errado na tese de investimento em China
O problema mais notável da economia chinesa atualmente é a crise de dívida imobiliária.
As maiores incorporadoras do país estão endividadas e já não conseguiram honrar alguns pagamentos. Isto tem provocado desaceleração ou queda nas vendas e preços dos imóveis por
disso, como a maior parte da riqueza dos chineses está em suas casas uma queda neste mercado, abala muito a confiança geral na economia, afinal , se os imóveis valem menos, abala o sentimento dos seus proprietários, que gastam menos , e isso desacelera a economia,
Na primeira mudança em sua avaliação da China desde 2017, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a perspectiva de crédito da China de estável para negativa em dezembro
Isso por conta da necessidade de suporte pelo governo Chines para governos locais e companhias endividadas (incluindo estatais).
Os estímulos e suporte pelo governo, as custas de endividamento, de fato aumentam os riscos fiscais da China e espera-se que seu crescimento econômico seja mais baixo do que no passado, entre 3,5% a 4,0% de 2024 até 2030.
Cabe notar que a classificação de rating chinesa ainda é muito melhor que a do Brasil, com grau de investimento o que faz ser improvável um desinvestimento pelos investidores estrangeiros.
A Fitch e Standard & Poor’s, mantêm classificações A+ para a China, ou seja, grau de investimento e com perspectiva estável.
Outro risco do país é a interferência do seu governo!
Ao final de 2023 por exemplo, autoridades limitam o tempo e o dinheiro gasto em jogos online o que derrubou muito ações de empresas do ramo.
Esta não foi a primeira vez que mudanças repentinas de regras pelo governo abalaram as ações de empresas chinesas.
Lembro inclusive de um período em que o presidente do Ali Baba ficou sumido e rumores sobre o descontentamento do governo cm algumas opiniões dele sobre o mercado de atuação de meios de pagamento começaram a pipocar como causa do sumiço.
O que pode dar certo: Motivos para a bolsa da China subir
O fato de o múltiplo estar muito baixo quando comparado com outros países e os estímulos econômicos reiterados pelo governo para acelerar crescimento devem atrair investidores e a demanda por ativos pode impulsionar os preços.
Um terço dos 417 entrevistados na pesquisa Markets Live Pulse da Bloomberg disse que aumentará seus investimentos na China nos próximos 12 meses.
Os últimos dados da economia já mostram uma reação aos estímulos concedidos em 2023 e isso deve continuar.
A China está tentando transitar de uma economia muito movida pelo setor imobiliário, para outros setores como o consumo interno e tecnologias como veículos elétricos.
Desta forma, deverá intensificar o apoio do governo a micro, pequenas e médias empresas.
Outros gatilhos potenciais incluem uma melhoria na confiança do consumidor, o que poderá ser visto com mais viagens no Ano Novo Lunar de fevereiro.
Abraços
Cristiane Fensterseifer ,CNPI
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