proteção de carteira e short
Vamos falar sobre os riscos no horizonte e proteção de carteira
O mundo sempre terá riscos e fatores que pesam contra a valorização das ações, ou mesmo que implicam quedas fortes nos ativos.
O gráfico abaixo mostra alguns acontecimentos na bolsa que a fizeram cair apo longo de sua trajetória recente, a partir de 2020.
Fonte: Valor
Se ampliarmos o horizonte de análise, veremos que a história da bolsa foi recheada de crises e quedas, embora a tendencia mostre que ela sempre se valorizou após tais eventos. Veja o gráfico abaixo, de 2018 a 2020:
Fonte: Tradingview
Ampliando ainda mais o horizonte de tempo, lá para 1960, vemos que outras crises aparecem no caminho...
Fonte: Seu Dinheiro
Atualmente, não é diferente e podemos citar alguns riscos importantes...
Mesmo passada a pandemia, não podemos esperar que novos riscos não surjam e pesem nos mercados.
No cenário interno, após o resultado das eleições, o mercado está refletindo os riscos de um governo com menor responsabilidade fiscal do que seria desejável por alguns gestores.
Ontem, foi apresentado por Geraldo Alckmin, o próximo vice presidente do Brasil, a PEC da Transição de governo, contendo um pedido de waiver (uma espécie de licença) para colocar os gastos com o pagamento do Auxílio Brasil (Bolsa Família) de R$600 mais R$150 por filho fora do teto de gastos, por um período a ser negociado.
É importante que o Brasil tome conta do seus gastos, uma vez que a dívida/PIB está muito alto em relação a outros países emergentes e estimativas consideram que pode chegar a 100% do PIB em 4 anos com este waiver da PEC da Transição.
A tabela abaixo mostra nossa dívida/PIB, alta, em relação a outros países da América Latina:
Fonte: Trading Economics
Esta outra tabela mostra nossa posição de dívida/PIB atual em relação aos países do G20 (19 maiores economias do mundo mais União Europeia).
Fonte: Trading Economics
Porque responsabilidade fiscal é tão importante?!
Se nossa dívida é muito alta em relação a geração de produto da economia (PIB), nosso risco de calote é maior e as taxas de juros cobradas pelos devedores é maior.
Sabemos que juros (Selic) alta é bastante prejudicial ao crescimento econômico e por isso a responsabilidade fiscal não pode ser ignorada, devendo esta ser conciliada com a necessidade de suporte social aos mais necessitados.
No cenário externo, na minha opinião o maior risco atual é o da uma recessão em economistas desenvolvidas devido à alta de juros nas mesmas.
Os EUA está em meio a um aperto monetário e o mesmo podemos dizer de algumas economias das Europa.
Após um longo período de juros reais negativos, a inflação atual pressiona os vencos centrais a elevarem seus juros para conter a escalada de preço.
Abaixo você pode observar como estão os juros de algumas economias. Podemos ver que ainda seria necessária uma alta substancial para que algumas delas voltassem a ter juros reais positivos.
Fonte: Infinity
Outro risco presente é a situação complicada de alguns bancos ao redor do mundo diante destas altas de juros.
Foi destaque no últimos semana na mídia a situação do Credit Suisse, cujos rumores que estaria quebrado aumentaram muito no fim de semana, com seu presidente pedindo 100 dias para apresentar um plano de reestruturação e admitindo que estão com alguns problemas no balanço.
As ações do Credit Suisse já caem cerca de 80% e precificam um cenário bastante difícil para a instituição portanto, como você pode var abaixo:
Fonte: Google
No caso de risco de quebra de bancos grandes internacionais, na minha opinião, muito provavelmente o governo local interviria e não deixaria isto ocorrer, a exemplo do que ocorreu em 2008 nos EUA.
Claro que um banco em apuros é uma notícia ruim, mas dado seu porte há grande probabilidade de "salvamento" se e quando necessário, uma vez que deixar um banco assim quebrar traria um problema sistêmico muito maior do quefazer um bail out (resgate).
O Credit Suisse não é a única instituição cuja precificação coloca no preço um risco grande de apuros financeiros nas suas ações.
A tabela abaixo mostra a relação de grandes instituições financeiras com de Price to Book (preço das ações/ valor patrimonial) abaixo de 40%. Ou seja, seu valor de mercado é menor que seu Patrimônio Líquido, com os investidores precificando alto risco nas ações.
Devido ao grande compartilhamento de riscos entre as instituições do sistema financeiro, a falência de um destes pode colocar os demais em risco e isso já está no preço de muitas ações, como mostra a tabela.
Fonte: Alasdair Macleod, Goldmoney
Diante de riscos relevantes no horizonte, e sempre interessante o investidor possuir algumas defesas de portfólio.
As defesas mais clássicas são moedas fortes, como o dólar, e o ouro.
Na nossa alocação geral de carteira, cujo relatório completo você pode ler aqui e no gráfico abaixo, é indicado um percentual em moeda forte/ouro, justamente para fazer este papel de proteção.
Fonte: Investe10
O momento na minha opinião favorece o dólar, pois altas de juros nos EUA tendem a valorizar sua moeda.
Acredito que uma posição de cerca de 5% em dólar faz sentido para proteção (não pra tentar ganhar nele).
Mas temos outra maneira de reduzir o risco do investimento em ações, com o short, ou seja, a aposta na queda das ações, que eu vou explicar melhor a seguir.
Aposte nas quedas de algumas ações ou do índice de ações
Atenção, esta modalidade de investimento é arriscada e por isso no momento não estou indicando na carteira!
Nunca faça operações em que não tenha muito conhecimento sobre o que está fazendo!
O texto a seguir é uma explicação de uma modalidade de investimentos que existe, disponível para os investidores, mas menos explorada e utilizada pela pessoa física, principalmente devido a sua complexidade maior e riscos.
Não sei se você sabia, mas podemos investir em ações não apenas apostando da alta dos ativos, mas também podemos apostando na queda dos mesmos.
Nós analistas e investidores experientes, quando acreditamos que uma ação está sendo negociada a um preço muito mais alto do que ela realmente vale, podemos abrir uma posição short nesta ação, ou seja, podemos vender a ação sem detê-la, apostando na sua queda.
Em momentos de bear market, ou seja, na tradução literal mercado do urso, que é aquele em que se acredita que poderá ocorrer uma desvalorização das ações mais prolongada, os investidores experientes podem abrir posições vendidas em algumas empresas ou mesmo no índice de ações.
Primeiro, deixa eu explicar para você, com mais detalhes operacionais o que é o aluguel de ações, como fazer um aluguel de ações e para que ele serve.
Como o nome diz, o aluguel de ações ocorre quando você aluga suas ações para algum investidor, ou quando você aluga ações de algum investidor que as possui.
Quando e por que você faria isso?
Bom, quando você coloca suas ações para alugar em geral é porque não pretende se desfazer delas num curto espaço de tempo, então você opta por suas ações alugar para outros investidores, recebendo uma taxa pelo aluguel.
A taxa que você recebe depende da ação que você coloca para alugar e muda ao longo dos dias, por isso você deve sempre consultar na sua corretora.
Operacionalmente, para colocar suas ações para alugar, você precisa pedir isto para quem te atende na sua corretora, ou optar pelo serviço de custodia remunerada automática que existe em algumas corretoras.
A outra opção é quando você aluga ações de outro investidor, para vendê-las no mercado. Quando os investidores fazem isso estão apostando numa queda da ação que pegaram em aluguel e venderam.
Por exemplo, se eu acredito que as ações da Petrobras vão cair, eu vendo as ações da Petrobras sem detê-las, abrindo assim o que se chama de posição “short” ou vendida nesta ação.
Quando um investidor vende no Home Broker uma ação que não possui, automaticamente a corretora pega estas ações em aluguel de algum proprietário, e o investidor que vendeu as ações sem detê-las pagará a taxa de aluguel.
Em algum momento, o investidor que vendeu as ações deverá ecompra-las no mercado para devolver ao detentor destas ações, do qual ele pegou em aluguel. Tudo isso ocorre dentro do ambiente automatizado da corretora, e as duas partes do negócio não sabem quem são.
Esta é uma operação mais arriscada, pois como o investidor está vendendo um ativo que não detém, apostando na sua queda, caso aquela ação que ele vendeu não caia, ele terá de ter os recursos financeiros para recompra-lo a um preço mais caro no mercado, para devolver ao detentor.
Outras utilidades da operação vendida:
A posição vendida não funciona somente como aposta na queda, ela pode ainda servir como uma espécie de hedge, quando você tem posições compradas em algumas ações e vendidas em outras.
Se você tem ao mesmo tempo posições compradas e vendidas, se o mercado acionário como um todo cair generalizadamente, provavelmente você pode perder nas suas ações compradas, mas as ações que você tem uma posição vendida provavelmente cairão, diminuindo assim as perdas totais da sua carteira.
A posição vendida também é utilizada como uma espécie de financiamento por alguns investidores. Isso mesmo. Quando você abre uma posição vendida, você pega alugado de alguém uma ação para vender no mercado, você pode usar o dinheiro que obteve com a venda daquela ação para comprar uma ação que acredita que tem um potencial bom de alta.
Você pagará uma taxa, que varia conforme o ativo, pelo papel que pegou alugado para vender, assim como se fosse em um financiamento mesmo. Então esta operação só vale a pena se você acredita que a alta da ação que comprar vai superar a taxa paga pela ação que vendeu, e se acredita que a ação que você alugou e vendeu vai cair!
Por isso, atenção para os riscos desta operação!
A operação de short, ou seja, de vender um ativo que você não tem, somente alugou, é bem mais arriscada do que uma operação apenas comprada em uma ação. Pois se a ação que você alugou e vender subir, você precisa ser aquele valor para recomprar a ação e devolver o seu aluguel!
Por ser mais arriscada, pelo motivo de você vender algo que não tem para entregar no primeiro momento, pois está só alugando, as corretoras exigem que você tenha uma margem financeira para poder executar operações de venda de ações sem detê-las.
Vou dar um exemplo bizarro, que não ocorre no mundo real, mas que poderia facilitar o entendimento do aluguel e venda de ações. Bem como o seu risco!
Imagine você alugar um apartamento, e colocar ele para a venda, embolsando o dinheiro. Você pagaria hipoteticamente R$2mil reais de aluguel por alguns meses, apostando que o apartamento que você alugou e vendeu por R$500 mil reais, valeria R$350 mil ao final de um ano. O problema é que ao final do ano, você teria que recomprar o apartamento para devolver ao dono. Se o apartamento estivesse de fato R$350 mil reais, sua operação teria sido um sucesso, certo? O problema é que se você errasse a operação e o apartamento estivesse custando R$600 mil reais ao final do ano, você precisaria ter este dinheiro para recomprar ele e devolver ao proprietário.
Esta é uma operação como eu já falei que envolve riscos extras, então você precisa entender muito bem para não perder dinheiro que não possua!
Eventualmente poderei indicar shorts na nossa carteira, quando observar uma oportunidade de ganhar na queda ou de proteção da parte "comprada" investida em ações.
Todas as recomendações serão feitas via relatórios específicos, como sempre! Fique atento!
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