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Foto do escritorCristiane Fensterseifer

Quero- Quero: É hora de comprar?




A empresa sobre a qual vou falar hoje eu considero um case de sucesso quando pensamos no longo prazo.


A Quero-Quero é uma boa empresa, com histórico formidável e uma boa ação para o longo prazo, com ventos opostos à sua ação atualmente, como veremos aqui.


O que busca o investidor de varejo? Crescimento


Casos de varejo são tipicamente investimentos que tem como foco o ganho no longo prazo, acompanhando a expansão de vendas destas empresas.


Quando pensamos em cases de sucesso de varejo, vemos que algumas ações de empresas deste ramo acompanharam de perto a expansão do numero de lojas das companhias, por exemplo.


Abaixo exemplifico isso com os cases da Renner e Droga Raia, dois exemplos emblemáticos cujas ações valorizaram-se com o crescimento destes negócios.


A figura abaixo mostra a expansão no numero de lojas da Renner e a evolução de suas ações:


Fonte: Renner e Investing


Quem é a Quero-Quero


A Quero- Quero é uma varejista de materiais de construção e eletrodomésticos.


A empresa combina crescimento típico de varejo — via abertura de lojas - e resiliência, visto que seu consumidor tem a renda fortemente conectada com o agronegócio do interior dos Estados, um perfil menos afetado pelas crises econômicas e com menor concorrência.


Quando analisamos os concorrentes, verificamos que nenhum tem no seu modelo o perfil de loja pequena para atuar nas cidades do interior, como ocorre com a Quero-Quero:



Fonte: Quero-Quero


A Quero-Quero é a maior rede do Brasil neste segmento, em número de lojas e seu modelo de atuação permite que a empresa chegue em cidades menores onde as grandes redes, com modelo de lojas grandes, não seria rentável.


Fonte: Quero-Quero


A Quero-Quero está em franca expansão geográfica, subindo o país pelo interior dos Estados.


A presença hoje no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná será ampliada nos próximos anos para o Mato Grosso do Sul e São Paulo.


A empresa pode triplicar seu tamanho apenas em abertura de lojas, como indica seu plano abaixo. O plano da empresa é de passar da presença atual em 404 cidades para mais de 900.


Fonte: Quero-Quero


A empresa deve abrir de 70 a 100 novas lojas por ano, para atingir este plano de crescimento.

Fonte: Quero-Quero


Como consequência da abertura de lojas acelerada a empresa tem vendas em mesmas lojas (sss) alto. Este indicador mede quanto a mais venderam as lojas já existentes há doze meses.


O indicador sss é um dos mais observados pelos analistas no setor de varejo e subiu 27,6% no 2T22 e 29,5% no 1T22 quando comparado ao pré pandemia (2019).


O sss (same store sales ou vendas em mesmas lojas) da Quero-Quero deve se manter elevado, como é o seu histórico mostrado no gráfico abaixo, pelo efeito da maturação das lojas.


Fonte: Quero-Quero


Porque as vendas em mesmas lojas da Quero-Quero devem continuar altas?


Pois no primeiro ano uma loja nova vende cerca 50% do que vende uma loja madura e atinge potencial e cresce de forma acelerada até atingir seu potencial pleno de vendas, em cerca de seis anos.


Portanto a quantidade de lojas abertas nos últimos anos e que ainda não está madura deve ajudar a manter o crescimento da Quero-Quero alto nos próximos anos, dado que aproximadamente 25% das suas lojas têm menos de 2 anos.


A empresa abriu 14 novas lojas no 2T22, totalizando 28 aberturas no 1S22 e 493 lojas no total.


Uma empresa de controle difuso


Em termos de controle, a Quero-Quero é uma corporação com controle difuso e presença significativa de fundos entre os maiores acionistas tal como a Renner. A tabela abaixo mostra os fundos com maior posição na empresa.


Fonte: Quero-Quero


A companhia seguirá a estratégia implementada pela renomada gestora de private equity Advent, nos seus 12 anos como investidora.


Seu CEO, Peter Furukawa, com larga experiência em liderança em empresas como Submarino, Pernambucanas e McKinsey, veio para a empresa nos anos de gestão pela renomada companhia de private equity Advent e realizou todo trabalho de crescimento acelerado desde então.


A Quero-Quero continua ganhando mercado:


Além do crescimento do varejo no país, as empresas destacam-se pelas suas virtudes próprias, o que vemos no ganho de market share.

No caso da LJQQ a companhia tem conseguido ganhar share, como podemos ver no gráfico abaixo:


Fonte: Quero-Quero


Este ganho de participação de mercado tem como motivo para além da abertura de lojas a melhoria no serviço, e temos como realizações da empresa.


1) A melhora na logística:


Atualmente a empresa oferece garantia de entrega no prazo ou produto de graça (Programa Palavra) e até sua menor loja, em uma cidade de 5.000 habitantes, recebe cargas do centro de distribuição duas vezes por semana.


A empresa inaugurou dois novos centros de distribuição em 2021 para propiciar a entrega rápida também nas novas cidades de SP e ampliou em três vezes sua capacidade de armazenamento, com distância entre CDs e lojas atendida 22% menor.


2) Aumento nas vendas com o digital


Outro projeto importante é o Figital, com vendas digitais que já são 18% das vendas totais.

Fonte: Quero-Quero



O projeto Figital (união do físico com o digital) está totalmente implementado e aumentou os SKUs (diversidade de itens a venda) para 25 mil.


Este projeto possibilita aos consumidores comprarem itens que eles não encontram nas pequenas cidades, pela limitação de estoque e capital de giro de lojas menores nestas localidades.


Tive a oportunidade de conhecer a loja infinita da empresa, onde o consumidor tem uma experiencia real de passeio enquanto funcionários retiram dúvidas em real time. Você pode conhecer clicando aqui.



Fonte: Quero-Quero



3) A melhora nas lojas já existentes


As reformas e mudanças de modelo ampliam em até 20% as vendas daquela unidade.

O gráfico abaixo mostra quantas lojas de cada tipo a Quero-Quero possui atualmente:


Fonte: Quero-Quero



4) A expansão na concessão de crédito (VerdeCard)


Crédito é algo que pequenos lojistas não conseguem oferecer e um diferencial grande da Quero-Quero nas cidades pequenas.


A seu cartão de crédito, de bandeira VerdeCard, é responsável por 60% das vendas totais, sendo que 30% são pagas à vista e apenas cerca de 10% com outras bandeiras, como Visa e Mastercard.


Desta forma, cerca de 20% da receita total da empresa vem de serviços financeiros.

O atraso sobre a carteira VerdeCard foi de 12% ao final do 2T22 e está estável e controlado frente ao histórico.


A tendencia é vermos o crescimento da carteira de crédito maior que a do varejo com maior repasse dos juros mais altos.



Fonte: Quero-Quero


O resultado financeiro, que reduziu sua expansão na pandemia. Devido a uma estratégia de maior conservadorismo da empresa diante daquela situação, deve voltar a acelerar nos próximos anos.


Avaliação da empresa


Como consequência da abertura de lojas e do ganho de market share esperado, bem como do crescimento de vendas em mesmas lojas, devido a elevada base de lojas recém abertas em maturação estimo crescimento de receitas


Em termos de margens, a empresa acredita que a margem bruta de 40% é uma margem razoável de longo prazo, e incrementos de margem Ebitda podem ocorrer com maior eficiência e crescimento de vendas diluindo despesas, o que chamamos de alavancagem operacional.


Fonte: Quero-Quero


No 2T22 as despesas cresceram 6,4% frente ao 2T21, abaixo da inflação, possibilitando esta eficiência.



Para abrir uma loja nova, o investimento é baixo, cerca de R$ 400 mil reais de Capex e R$ 150 mil reais de capital de giro, o que faz o ROIC (retorno sobre o capital investido) histórico da empresa ser positivo e alto, acima da Selic.


Fonte: Quero-Quero


No 2T22 a dívida líquida ajustada da Quero-Quero era de R$231 milhões, com alavancagem financeira de 1,6 vezes seu Ebitda ajustado dos últimos 12 meses.

A empresa atualmente negocia com grande desconto, abaixo do P/E médio do varejo de empresas com alto desempenho e crescimento, conforme mostram os gráficos abaixo.


Fonte: Companhias e projeções próprias

Fonte: Companhias e projeções próprias


No entanto, o cenário macro difícil, em um negócio de margem liquida historicamente apertada, vem impedindo a mesma de ter lucro na operação como podemos ver no gráfico abaixo:



Fonte: Quero-Quero



Riscos do investimento


Sempre importante lembrar , os riscos do seu case são ligados ao desenvolvimento econômico do país, com PIB e juros influenciando o varejo, bem como a renda dos consumidores e o investimento em construção civil; ainda assim, o posicionamento da empresa no interior dos Estados, com muito mais influência do agronegócio na renda da população confere uma resiliência adicional ao seu negócio.


Conclusão e recomendação:


Como a empresa está inserida na economia, não podemos descartar que seu movimento em bolsa e dos seus resultados depende disso.


Ao analisarmos as métricas abaixo, vemos que vários itens não estão ajudando seu segmento atualmente e este é o motivo de o curto prazo não ser tão promissor para suas ações e por isso ela não estar nas carteiras recomendadas atuais.


A recomendação para quem detém a ação é de manter, pela qualidade de seu negócio, mas ela ainda não entrará na tabela e carteira recomendada para compra e novos aportes nesse momento, e estarei acompanhando o desempenho da empresa e dos itens abaixo nos próximos trimestres para eventualmente mudar esta recomendação.


• Inflação – poder de compra: Neste quesito vemos um cenário de deflação no país, tanto por redução de impostos sobre itens essenciais, como no caso do ICMS sobre a gasolina, como pela redução de preço de commodities internacional.


• Juros – parcelamento e condições de compra: Os juros subiram muito no Brasil, o que ocasionou tanto uma desvalorização nas ações das empresas em bolsa, como prejudica o apetite e o crédito do consumidor. A expectativa é que os juros no Brasil voltem a cair a partir do meio de 2023. Os juros mais altos também atrapalham a venda de imóveis o que prejudica a venda de produtos para reformas e acabamentos e de eletrodomésticos.


• PIB do país: Verificamos que o PIB brasileiro vem superando as expectativas a cada divulgação, o que é positivo para as empresas.


• Renda e emprego: Aqui as notícias são positivas, com aumento do emprego nos últimos dados, ainda que a renda esteja pressionada pela alta da inflação.


• Desempenho do agronegócio: como a Quero-Quero atua no interior dos estados, a evolução do agronegócio também é muito relevante para a renda destes locais.

Carteiras recomendadas !!


Abaixo você encontra todas as carteiras recomendadas, na sua versão mais atualizada:



Carteiras sugeridas:

Sugestão de alocação em renda fixa:



Carteira de dividendos





Carteira de ações completa


Recomendo sempre uma carteira bem diversificada de ações de diversos setores e empresas, uma vez que ações já possuem risco elevado na matriz de riscos.


A carteira abaixo contém minhas ações preferidas para novos aportes, considerando os potenciais de valorização e teses das empresas.


A carteira abaixo é completa, no sentido de possuir empresas large caps, microcaps e ações de dividendos. Abrangendo, portanto, todo o tipo de ações.

Você pode ler mais sobre como distribuir seus investimentos de acordo com o risco de cada tipo de ativo no nosso relatório aqui)





Lembre-se que retornos passados não são garantia de retorno futuro, investimentos envolvem riscos e podem causar perdas ao investidor.

Cada investidor deve desenvolver suas próprias análises e estratégias, considerando seu nível de risco e perfil de investidor.

Grande Abraço,

Cristiane Fensterseifer, CNPI, CGA - 29/09/2022








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